terça-feira, 14 de dezembro de 2010

How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd.
Alexander Pope, Eloisa to Abelard



Nada mais indispliscente que a indispliscência comedida,
A tristeza desmedida, uma coerência indeferida,
Uma lembrança outorgada, uma linha esquecida,
Uma esfera, uma casa e mais uma medida.

Duas mãos, duas metades, dois pedaços vazios
Do que veio e se foi e partiu, entre rios,
Entre casas, entre caras, qualquer um, cios;
Um marasmo, alguns mortos e mais alguns fios.

Uma palavra, um silêncio, o que nos foi tido
O que se quer, que se tem, que se faz entendido
Um prazer, algum corte e um sonho ferido
Que repousa em mãos, tão mal protegido.

E no fim, em silêncio, há algum nó
Por ser, enfim, o que vem a ser pó
Um orgulho, despeito e alguma dó
De viver consigo... E somente só.