quarta-feira, 7 de setembro de 2011

pessoas vagas,
brisas suaves:
a tarde esconde as mentiras da noite.

ANJOS

Pequenas crianças de brisa na imensidão das nuvens.

domingo, 28 de agosto de 2011

PENSAR DEMAIS

... não combina com o amanhã.

O AMANHÃ

... não combina com a certeza.

MORRER

... uma longa viagem.
vê o dia que sacia a lua
com palavras tragadas de silêncio...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

DO PASSADO

Sinto saudades do que não me sente.
É na calada da noite que se configuram as coisas perfeitas:
crimes, silêncios, sexos, solidão...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

[in]CONSCIENTES

“Por incrível que pareça!”. Por incrível que pareça. A dramaticidade dos fatos nos faz querer os compararmos aos demais fatos, mesmo sendo eles indignos de tais comparações. Mas, por incrível que pareça, não era bem isso o que acontecia, mesmo que indiretamente acontecesse. Mesmo sendo uma dessas escritas inconscientes. E foi assim, vendo-a sentar, toda de branco, minto, parte de baixo em preto, que percebi os detalhes do inconsciente e da incoscientização. Passar da insignificância pro estado mais puro da alma, do que se quer, do que se é, do que não se é, vem a ser, esquecer, apodrecer, sucumbir. Não retomar os detalhes já passados e não deixar de tê-los para um porvir. Mas a menina sentou, e foi aí que tudo se assemelhou aos meus outros dramas e a outros desatinos. Ela sentou e, mais!, me encarou! Encarou com olhos de quem encara a eternidade. Um quê de absorção e de insignificância que repugnavam minhas desmedidas eloquência e meditação. Tentei virar o rosto.

Assim raiava o dia e eu me via perdido naquela mesma casa, de portas e materiais tão rústicos que pareciam se desmanchar sob as ações dos cupins. E eu cheirava a fuligem que vinha do mar, logo à beira dos pés, que deveriam ser navios, que deveriam ser embarcações ancoradas num pedaço de mar, de praia, de casa. E botava meus pés sobre o chão desmanchado, ocorria vez em quando de levar minhas mãos ao rosto, desejava estar ainda na cama, num pedaço de sonho, num regaço miserável de sonho, em mim. Aqueles olhos de eternidade ainda cerrados me aborreciam e eu não sabia não me aborrecer por detalhes etéreos. Mas seriam eles etéreos? Calei meus pensamentos e atravessei a sala em busca de água para acalmar meu dia após o anterior e meu envelhecimento constante. Não sei quem inventara o verbo envelhecer, mas ele me soa completamente antiquado, desnecessário, até despretensioso para conosco. Mas aceito. Aceito e discordo. E se aqueles olhos de eternidade abrissem e percebessem da sua não eternidade? Ah! Que catástrofe se conceberia à poesia realística das coisas. Mas eles repousavam. E eu não! E isso que importava.

A embarcação embarcava o quê de alguma coisa que não importa. Peixes, pessoas, animais, coisas, dias, horas, tangerinas e algumas outras horas oblíquas e não pendentes nos relógios. Aquelas horas que só nós podemos saber da existência, talvez únicas para cada um de nós, talvez nada demais. Se ela fosse sucumbir na minha existência, que ao menos não fosse agora. A menina pisa descalça na relva beira mar, e acha engraçado pensar ser parte do ar. O que havia de ser engraçado quando há graça por demais nas coisas?

Ela respondia a perguntas com uma atenção em nada carismática. Diria que tinha uma maneira de pensar asmática, só para fazer rimas desnecessárias. Pensava e logo sucumbia ao pensar. A racionalidade não deixava brechas e os subjetivismos eram exagerados. Achava demais. Não me importava. Desde que o cheiro de fuligem, as ondas, e aquele sorriso quase tão etéreo quanto os olhos fossem desvendar que não havia nada de tão atônito no mundo quanto deixar-se ser atônito perante as coisas, eu me tranquilizarei. E pensarei na morte como o rastro deixado há pouco, pequenos pés que se apagavam, mas que souberam estar ali por algum breve, relapso e imprevisto momento.

TRENS

Cortam de uma ponta a outra não sei o que de paisagem. Mas de uma maneira tão intensa, que parecem cortar a mim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A ti, que me deixaste saudades.

Não é que eu realmente fique a calcular o tempo passado. Li de um grande poeta sobre o presente sempre deixar sua casa desabitada, e entende-se perfeitamente a razão disto. Não creio que exista uma relação do "estar presente" com o presente. A alma transcende.

Mas tanta flexibilidade incomoda.

O ERRO

Nem sempre um engano.

terça-feira, 5 de julho de 2011

IN-CON-SE-QUEN-TE-MEN-TE...

Fosse ela me dizer nuvens, eu diria maçãs. Mas ela teimaria na sua respiração, enquanto eu me afogaria de desejos. Mas o céu é de uma obesidade tamanha que minhas relutâncias se tornam opulentes. Mesmo desinteressado, é um amor sóbrio, de ebriedades virgem. E mesmo virgem, é pecador e imponente. Pois não há imponência maior que a do pecado. Não há pecado maior que a pureza. E não há pureza sem o pecado. Pois detritar sob o inconsciente não o torna mais consciente. E in-con-se-quen-te-men-te, me torna mais adulto. Pois ser adulto não diz nada. Dizer nada é que diz tudo.

ESTRELAR

Não sei o que falar da distância. Nem se ela me importa. É apenas lembrar de ti, que tudo cai bem.

PRIMEIRO ANDAR

Da janela do avião, com meus dedos, poderia tocar as montanhas!


Não fosse o peso das nuvens...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Não foi assim que conquistei as minhas coisas...

Quartos de modelagens clássicas,
Cinzeiros,
Imagens
E solidão.

Não foi assim que conquistei as minhas coisas...

Mas é olhando ali, naquela rua, tão silenciosa que parece respirar o próprio silêncio,
Que algo a mais me aparece, me fenece, me apodrece, me excita e compartilha
Um crime, um momento, uma espera, um algo.
Compartilha como quem nada tem, pedinte de caridades.

Não é assim que se deve agir? Não é assim.

Não é assim que se deve ser? Não é assim.

Não é assim que... Pois ser ou não ser algo é a relatividade de se ponderar atitudes com ignorância.
Ou não...
Talvez...

Ser ou não ser algo é um princípio de saber ser-se.
Conhecer-se.
Pois só é quem realmente é. Quem realmente sabe... e é!

E eu não sou.
E aquelas janelas fechadas,
De outros olhos nunca vistos,
Sabem que eu não sou.
E os olhos da velhinha enrugada do quarto ao lado
Sabem que eu não sou.
Até mesmo amigos, tios, tias,
A amarrotagem dos anos chamada família
Sabe que eu não sou.

E se não sou, por que não ser?

Pois não há "ser" em tabacos acabados,
Páginas lidas, silêncios tragados,
Mortuários fechados e olhos lacrados.
Não há "ser" na distância do "ter".

Pois apenas tenho.

Apenas.



...............



E há penas
Que talvez não tenhas.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

É daqui, vendo as primeiras horas do dia
Que penso que podem ser estas as minhas últimas horas.

Não há prudência que justifique o tempo ido
Não há saudade que justifique pequenas marcas
Não há adeus que justifique uma partida
Não há o não ser para quem já o é
E sendo assim penso ser o que já sei ser
Mesmo sem saber algo ser

Ser inteligível
Ser inconcebível

Corroborar o que há de menos importante
Me fazer metáfora insolente no ar
Me fazer sonho, fogo, dor, mar
Apaziguar unicamente o que me é
Me faz, me traz, me paz
Me

Ser.

Palavras, cadernos, poesias, sonhos, esquecimentos, dores
Tudo que vai, vem, fica, marca, rasga, dorme, paira inquietamente
A verdade escorada na parede esperando ser encontrada.
Mas é a verdade que se escondia, que te temia
Minha tão única e solitária verdade.

Talvez a tragada não o salve, o vinho não o aqueça
A luz não o ilumine, a comida não o sacie
O sexo não o apeteça, a noite o enlouqueça
E sendo assim, que resta?
Esperar,
Que tudo vem a ser verbo
Escrito para confortar
A inquietude dos verbos que jamais irão se concretizar.

Pois saber das minhas tristezas
É saber de mim, de ti
E de alguma ausência mais.

Pois saber das minhas tristezas
É poesia.

É simples e puramente
Poesia.

E é daqui, vendo as primeiras horas do dia,
Que penso que posso ser estas minhas últimas horas.


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Retratos não transcendentais:
Mãos de imagens
Arranham céus.

CHUVA

Saudade em gotas.
Quero tudo ser!
Mas somente posso ser
Sonhos e saudades...
Borrão nalgum céu:
Me visto como estrela,
Vago, solitário...
Me vi... Mas tão enrugado e tristonho que fingi nem ver.

O POETA CEGO

.........................
Engole lágrimas
Por tudo ver.
Estrelinha só:
Sonha com algum olhar
Do andar de baixo.
O sapo repousa.
Esquenta o lago com
Coaxos de rã.
Filósofos dormem:
Aristóteles sorri
Sonhos de Platão.
Passos de paisagem...
Se chocam contra o céu
Aves distraídas.
Sonho breve ferve
Dentro, lento, segue leve...
Floreia no céu!
Imagens na neve:
Meu rosto envelhecido
Na brisa tão leve.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma face que amanhece junto a sua é apenas um segundo. A inconstância, sim, é eterna.

NOITE NUBLADA

Não te preocupa. São apenas as nuvens abraçando as estrelas.

SÍTIO

O sol brilha em lamparinas que arranham o céu noturno e condensa... Um segundo sol ofusca o cantar de um grilo...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Hoje
Talvez
Quem sabe
De alguma forma
Hoje
Será
Hoje.
Quando a vi,
Vi a mim:
Um vazio de migalhas;
Uma migalha de vazios.
É uma força que meus anos não tem.
Os pássaros me acenam: adeus.
Não sou ranzinza!
Em minha cara,
Tristezas...
E uma lágrima ignorada pelo vento...

DA POETICIDADE

Absurdismos in significantes.

A LIBÉLULA

A libélula observa a tudo, estagnada. Pensa na liberdade de um vôo contraído no espelho de si mesma. Pois o absurdo está em tudo ver, tudo sonhar e as nuvens em nada mudar.

OUTONO

Folhas de sol em arestas mortas.
No sonho e no que a mim pertence
Dito algum momento de imprecisão
Dos modestos passos dados
A minha preciosa e minha solidão

ARRANHA-NUVEM

Pois na distância entre os dedos e o céu
Encosta e paira inquieta a palavra
Que foge, silenciosamente, por entre pensamentos:
Distantes... Arranham nuvens.
Pensei. E em cada grama dos meus passos, a sorte subvergente do laranja azulado de uma tarde relapsa. E vagava, por entre algodões, o meu pensamento: de céu em sonhos dado, colorido na solidão periférica de alguma multidão qualquer.
Corte as palavras e resta uma culpa sonora, sobexposta e recalcada. Pois o que sobra não cala, não sente: sobresonha. A realidade fica lá: ancorada em qualquer subjetivismo.
Sonhei: isso não basta?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Há, aqui, uma garota com olhares de mariposa:
Desfocados... penetrantes...
Ressentem contra os meus.
E com suas asas, repousa em meus braços...
Há, aqui, alguns olhos de solidão.
Na sala empoeirada, o amontoado de cadeiras.
O sol que beira fraco entre entrelinhas.
E num sono repousado, os olhos que a brisa fita
Sonham com um céu de veludo,
Onde tudo se perde na delicadeza transcendental
De um poema de Quintana.

MIRACULAR

É na imensidão de minhas vertigens que as pessoas passam a passos de paisagem.

domingo, 3 de abril de 2011

O apunhado de estrelas dos morros:
Brilho de gente apagada
Querendo seu pedaço de céu.
Nuvem. Pontos no céu.
A criança colhe sonhos no ar.
E descrevo a tudo isso com o mundo sob meus dedos fragilizados!

FELICIDADE...

Está lá fora, dentro de uma bolha, leve, perdida em sua distância...
O menino que repousa sonhos no ar.

A SALAMANDRA

Exercício de aula do Charles Kiefer,
em que se fazia necessário o uso de quatro das palavras:
épico, caderno, salamandra, magnólia, silhueta...

Linhas
A silhueta
Da salamandra
Sobre o caderno
Que inquieta
Afivelada
No corpo retorcido
Na tristeza do momento
Na cor inquieta mal reluzida
Na linha incerta da alma dorida
Que se abstrai de sua vida sentida
De auroras que raiam refletidas
Solitárias de uns pensamentos
Lamentos tormentos atentos
Prestativos e incongruentes
Enjuriados e abstratos
Que afivelam em si
A magnólia que ri
Em fraca luz
Na noite-luz
Distorce
Sonha-te
Flui-te
Até
Ser
-
te
.

quarta-feira, 30 de março de 2011

A vida: uma pintura: um vazio profundo em tonalidades diversas.

.reticências.

Três modestos pontos: o do início; o do fim; e um vago de sentido.

terça-feira, 29 de março de 2011

Se me coubesse a arte da paciência, buscaria, na beleza que é o cotidiano, poemas milhares, e os venderia alto, pois seriam reflexos transcendentais de muitíssimo valor. Mas a alma inquieta permanecerá aqui, sentada, com pensamentos mil e deixando-se perder em mínimos detalhes desnecessários. Se aquela criança ao menos soubesse que é mais leve que a pipa que empina...
Existe um tipo de especiaria,
Um sonho ostentado e frágil,
Que se guarda docilmente
Sem a intenção de guardá-lo.

Pois cabe ao inconsciente,
A propósito descuidado,
Inferi-lo, leve e ágil,
No que é remanescente:

Um breve momento passado;
Um breve momento presente.

terça-feira, 22 de março de 2011

INVENTÁRIOS

Pois é lá fora
Que aos poucos passam
Os anos...
Que já não parecem meus.
perder o sentido
(para assim tê-lo)
A solidão: um jogo uma brincadeira uma aresta naquela porta aberta por descuido.
Suspiros, beijos, carinhos:
A saudade daqueles passos esquecidos.
Gostaria de alguém encontrar. Em algum lugar. Em lugar algum. Que valorize os detalhes do silêncio, mas que possua uma musicalidade própria, inerente, delicada. Que entenda sobre o tédio e sobre a importância de não se importar. Que penetre no olhar, na mente, na carne. Que me queira irremediavelmente conforme a proporção do meu sentimento. Digo do que é relativo. Apenas não quero que este vazio (tão meu) seja também seu.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pequeno João
Com suas mãos
Já cansadas
Repousa-as inquietamente
Numa combustão inconsciente
De se fazer gente
Pois gente como a gente
Nada opera
Senão a própria mente.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

por aqui solitário vejo as coisas passarem uma a uma intocáveis versáteis não se entende não se quer entender pequena sombra atrita paira inconsciente no ar pequena sombra sem dono pés fatigados cabeças embriagadas sonhos abandonados sonhos abandonados em ruas abandonadas pessoas observações relutância opulência abismos machucados feridas abismais me olho no espelho como um animal observa seu próprio reflexo espanto cuidadoso as necessidades desnecessárias as surpresas planejadas adjetivos que pairam incoerentes sem rumo um olhar esguio em um reflexo de sol a luz nas folhas o pequeno sonho da pequena sombra o restante de um todo um todo de um resto uma espiral afivelada um cochicho de socorro a luz da lua as ruas silenciosas o silêncio inquieto a morte a noite pensamentos preposições jogos de palavras palavras de jogadas miseráveis apostas com o destino perder-se em si perder-se em ti perder-se morrer com poucas necessidades insatisfeito a luz do sol meu silêncio tuas palavras minhas palavras reciprocidade o mesmo minuto morre num suspiro o mesmo suspiro morre em um beijo um beijo qualquer ou não anos cidades longe demais perto demais num suspiro qualquer mãos entrelaçadas perdidas num lugar qualquer longe demais

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Talvez não seja perspicácia. A similaridade dos fatos não me significa muito. Na verdade, significa! Mas sou tolo o suficiente: alimento descrenças... Talvez não seja perspicácia...

Quintana já dizia: tudo a se escutar aqui são os passos de minha futura assombração. Mas há uma doce sensação de um irrefutável conforto quando se pensa no ar... É a saudade e seus devaneios! Mas no ar...

Tudo permanece igual. Há uma distância e nada mais. Tudo permanece nitidamente igual. Teu olho azul penetrando algum espaço qualquer. Meu olho na eterna curiosidade e numa contraditória indiferença das coisas. Mas ele busca o teu. Ele sabe onde encontra-lo.

Ou na delicadeza do teu profundo céu... Ou na imensidade de minha solidão.

domingo, 2 de janeiro de 2011

É das incertezas que surgem as mais pequenas certezas
Que podem ser incertas à medida que se tornam certas
E que se tornam relativas ao meu próprio pensar.
O que pode ser certo senão o que me é certo?