terça-feira, 2 de novembro de 2010

TRÊS TOMOS DE ORNAMENTOS NÃO NECESSÁRIOS

I
as fezes enegrecidas com a considerável ação do tempo

(às vezes me consideras escória)
(eu a considero como me convém)

não fossem as duas linhas serem paralelas
não fosse a formação incongruente das palavras
os resquícios de solstícios
as alusões tão penetrantes e pouco intuitivas
e uma que outra circunstância atenuante

(inquieta em meus flagelos )
(inquieta por sua quietude)

um apego familiar e desconfortável por si só
por ser o que se é e não o que se deve ser
e sendo o que se deve ser nada vem a ser
pois nada se constrói no que não se é
realmente e solenemente

(uma inquieta falácia)
(uma que outra, inutilmente)



II
bloquinho perplexo
jogo de nexo
e uma vantagem
uma sentença
capciosa
de se ser
de se pensar
ser
um ser


III
pois é com minha considerável inutilidade
que construo o anagrama das palavras
pra ver em quais cabem os sentidos já transvirados
de uma turva inexistência existencial
(tão cabal em seus máximos detalhes - que não há-)



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