sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Neste fim de tarde, acariciei minhas lembranças. Um exercício terapêutico. Vem de família.

Lembro que, enquanto andava por aí, Deus falou comigo. Não o escutei direito: havia muito barulho: carros que vão e voltam, pessoas que gritam, árvores que se chacoalham, pessoas que morrem, árvores que gritam, carros que morrem... Tanto faz agora.

O tempo é inflexível.

Neste fim de tarde acariciei minhas tristezas. Elas vão embora?

Sinto que quanto mais me apaziguo das tormentas incessantes que crio contra mim mesmo, num exercício masoquista e terapêutico de auto-conhecimento, mais me desordeno. Mas há um prazer oculto nessas meditações indeléveis.

Neste fim de tarde... O telhado estava tão avermelhado! Achei ser tinta, um pingo celeste de lava! Derreteria com tudo o que houvesse dentro desta casa empoeirada! Mas nada era senão a luz do crepúsculo e algumas quimeras fantasiadas de sonho.

Sonho?

Mesmo minha mão, que desorientadamente escreve e pede perdão pros meus poucos companheiros de ontem que não se fizeram presentes hoje, mesmo minha mão tremula ondula sussurra palavras de ordem imparcial.

Neste fim de tarde... Vi apenas um fim de tarde. Nada tão casual e, ao mesmo tempo, rotineiro quanto um fim de tarde. Me dá uma bebida, um afago, um beijo, uma mão, um lençol, algumas palavras e clichês relacionados à situação e adeus! Não me interessa o que vai além daqui.

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